Você tem ideia de onde pode vir seu próximo concorrente e de que forma ele vai competir com seu negócio? Antes de um exercício de futurologia – o que não é -, essa indagação tem o objetivo de chamar sua atenção para um ponto fundamental: está em curso uma nova dinâmica de mercado que enterra a visão tradicional de concorrência.
Até há pouco tempo, seria relativamente fácil a um empresário dizer, em linhas gerais, de onde poderia brotar um novo concorrente. O raciocínio seria mais ou menos o seguinte: uma transportadora teria de se preocupar com algum grupo ou empreendedor com dinheiro suficiente para criar outra transportadora, com uma frota de caminhões, motoristas etc.
A disputa poderia se dar por preço, agilidade, segurança, qualidade do serviço e outros aspectos desse tipo. Ainda assim, estaríamos sempre falando de um rival, na essência, nos mesmos moldes. Ideia similar valia para companhias do setor imobiliário, automotivo, bancário, alimentos, serviços e assim por diante.
Forasteiros inovadores
Hoje a coisa mudou. Caíram as fronteiras. Há grandes chances de que seu próximo concorrente não tenha nenhuma relação prévia com seu setor, assim como provavelmente ele vai apresentar um modelo de negócios e atuação bem diferentes daqueles com os quais está acostumado, especialmente se sua empresa for uma herdeira da Revolução Industrial.
Para ser mais específico: é bem provável que seu futuro competidor tenha ou se utilize de uma base tecnológica para atender às mesmas necessidades de seus clientes, mas de uma forma inovadora, escalável e mais eficiente.
Os exemplos estão se tornando corriqueiros. Se começarmos pelos internacionais, podemos citar a Netflix, a plataforma de distribuição de filmes por streaming que tem tirado o sono das TVs aberta e fechada e dos estúdios de cinema.
Outro caso emblemático é o do Uber, que, ao conectar motoristas autônomos a usuários que precisam de transporte, tirou os táxis da zona de conforto. O site de locação de acomodações Airbnb, por sua vez, funciona como alternativa à rede hoteleira tradicional.
Exemplos no Brasil
No Brasil, também há startups que estão transformando radicalmente importantes setores da economia. É o caso da Nubank. Apoiada por diferentes fundos internacionais, foi fundada há menos de três anos e já é avaliada em US$ 500 milhões. Ela cresce a passos largos por oferecer um cartão de crédito que, além de não cobrar tarifas e estabelecer taxas de juros bem inferiores à concorrência, se tornou objeto de desejo por conta do seu aplicativo, simples e recheado de recursos.
No setor automotivo existe o site Canal da Peça. O shopping online possui um imenso catálogo para ajudar o mecânico e o dono do veículo a encontrar peças em qualquer parte do país. O modelo injeta inovação em um dos mercados mais tradicionais da indústria automobilística, o de autopeças.
É possível citar vários outros exemplos, de dentro e fora do país. Não é necessário. O importante é ter consciência de que a análise da concorrência hoje exige um olhar acurado para as possibilidades abertas pela tecnologia.
Inovação, a palavra-chave
A lista das empresas mais inovadoras do mundo da Forbes nos dá um bom indicador dos ventos da mudança. A relação de 2015 é liderada pela Tesla Motors, fabricante de carros elétricos. Em segundo lugar vem a Salesforce.com, companhia de aplicações em computação em nuvem cujo serviço coloca em xeque o futuro dos grandes CPDs.
Isso serve de alerta para o fato de que seu futuro concorrente, aquele que pode realmente abalar o seu negócio, não necessariamente será uma das maiores e mais badaladas corporações do planeta, mas seguramente vai ser uma empresa que tem o DNA da inovação. Portanto, ligue os radares e se mexa. Em vez de ser surpreendido, seja você o agente da inovação e lidere o seu mercado.