A maior rapidez com que as atividades devem ser desenvolvidas é, sem dúvida, a grande mudança a qual as empresas, das mais variadas áreas de atuação, têm que se submeter para continuarem competitivas. Tal fato se deve, principalmente, por conta delas terem passado a ter preocupações maiores com seus parceiros e clientes.
Desde o início da década de 1990, com a abertura do mercado brasileiro aos demais países, as organizações, de uma maneira geral, passaram a considerar o cliente como o principal objetivo a ser atendido pelo processo produtivo e não mais o produto resultado deste. Diante disso, passou a ser de vital importância observar todas as ações tomadas por seus concorrentes, definir estratégias de atuação, criar redes de distribuição e estudar os ciclos de vida de produtos e serviços.
Uma vez que as empresas precisam dar respostas em tempos mais curtos, então por que não estudar as ações e decisões tomadas no passado e verificar se estas podem ser novamente consideradas? Não seria positivo também analisar os erros do passado, para evitar que eles voltem a ocorrer? Bem como repetir as atividades bem sucedidas? Todas elas parecem ser perguntas óbvias mas, ainda assim, sem respostas claras. Para que uma organização possa aprender com o seu passado, é necessário que ela esteja estruturada adequadamente, pois desta maneira, o aprendizado ocorrerá de forma natural e atrelada aos processos organizacionais vigentes, o que agregará maior valor aos seus produtos e serviços.
Sabe-se que a maior parte dos conhecimentos que uma organização necessita, para se manter competitiva, ela já possui, no entanto, está, por vários motivos, inacessível. A criação de um ambiente propício para identificar, criar e disseminar conhecimentos irá agregar valor a empresa e a colocará em rumo de atender suas metas. Ainda mais pelo fato dos valores intangíveis, que agregam relevância à maioria dos produtos e serviços, serem baseados em conhecimento. Entre eles: know-how técnico, projeto de produto, entendimento do cliente, criatividade pessoal e inovação.
No entanto, é exatamente na medição destes valores intangíveis, onde se encontra a maior dificuldade de uma organização, uma vez que, ao contrário do que acontece com os estoques financeiros e materiais, o valor econômico do conhecimento não costuma ser facilmente compreendido, classificado e medido.
O valor de uma organização está cada vez mais desvinculado de seu valor de mercado, ainda mais devido a extrema dificuldade da mensuração de valores que compõem seus ativos intangíveis. Esta questão faz com que o mercado passe a considerar as taxas de investimento em conhecimento, por exemplo, como um indicador importante quanto a presença de práticas voltadas para a gestão do conhecimento. Muitos chegam a acreditar, até mesmo, que basta investir em programas de capacitação. Fato é que o valor de mercado das empresas tende a ser muito maior do que o valor patrimonial, em virtude de seus valores intangíveis, que tendem a ter uma importância muito maior em empresas baseadas no conhecimento.
Convém ressaltar, que uma das grandes características associadas ao conhecimento é o fato de ele ser altamente reutilizável. Isto é, quanto mais utilizado e difundido, maior o seu valor e, diferentemente do que acontece com os demais recursos materiais, no conhecimento o efeito depreciação funciona ao contrário, isto é, quanto mais utilizado, menos depreciado é o conhecimento.
Eram os idos de 1994, quando Charles Handy identificou nove paradoxos no intuito de explicar como a chamada sociedade do conhecimento funciona. Segundo Handy, os paradoxos não devem ser resolvidos, mas sim controlados. Como a própria definição diz, eles consistem em conceitos que são ou parecem contrários ao entendimento comum, ao mesmo tempo em que se apresentam por serem companheiros do progresso econômico. Entre os nove paradoxos, por ele pontuados, convém enfatizar, o paradoxo da inteligência:
“A inteligência é o novo tipo de ativo. Não se comporta como os outros tipos de ativos e nisso reside o paradoxo. Ao contrário dos outros bens, a inteligência não pode ser dada de presente e será sempre conservada, mesmo que compartilhada. Também não é possível possuir a inteligência de outra pessoa, por mais que se seja dono da empresa na qual essa pessoa trabalha. Se a pessoa sair da empresa e for para outra, levará consigo a inteligência.”
A inteligência concentrada, a capacidade de adquirir e aplicar o conhecimento, e o know-how são as novas fontes de riqueza, sendo, no entanto, impossível transmiti-los às demais pessoas por decreto. A boa notícia é que também é não se pode impedir que as pessoas consigam adquiri-los.
Diante disto, o grande desafio é montar uma estrutura para reutilização do conhecimento existente na organização, bem como meios para captação de novos. A grande dúvida recai exatamente em saber o que deve ser considerado para ter sucesso neste intento. A resposta, certamente, está atrelada a estruturação de um processo de gestão do conhecimento, afinal, apenas isto poderá garantir sua perpetuação junto às atividades organizacionais.