Em experimentos, cientista estudou como as considerações sobre o futuro afetam nossa experiência emocional e nossa tomada de decisão
Por que é tão difícil se preparar para o futuro? Psicólogos sociais recentemente descobriram uma razão: nós imaginamos nossas versões futuras como estranhos – pessoas completamente diferentes.
Uma pesquisa de dois professores universitários – Hal Hershfield, professor assistente de marketing na Anderson School of Management da UCLA, e Kelly McGonigal, psicóloga de saúde, palestrante em Stanford e autora de Willpower Instinct – oferece uma nova visão sobre esse enigma.
Em experimentos com alunos de graduação, Hershfield estudou como as considerações sobre o futuro afetam nossa experiência emocional e nossa tomada de decisão. Em uma linha de pesquisa, ele mostrou a um seleto grupo de participantes uma imagem de cada um envelhecido digitalmente. Os outros participantes, no entanto, não viram tal imagem. Um dos resultados que Hershfield constatou foi que membros do grupo – aqueles que puderam ver suas versões envelhecidas – depositaram em suas contas de aposentadoria o dobro do dinheiro que os membros do outro grupo.
Hershfield afirma que “olhar para a frente no tempo e sentir uma conexão com sua versão do futuro pode impactar decisões financeiras de longo prazo, transformando um consumidor em uma pessoa econômica”. Pessoas que possuem esse vínculo com suas versões do futuro também acumulam mais bens do que outras. Elas são donas de seus imóveis, têm contas bancárias maiores e assim por diante, segundo os estudos.
A pesquisa de McGonigal mostra que as conexões orientadas para o futuro também podem ser feitas ao longo de prazos mais curtos. Uma sugestão que ela faz é escrever uma carta pós-datada da sua versão do futuro para sua versão do presente, resumindo suas conquistas específicas no futuro.
Como um líder, é imensamente importante que você seja capaz de construir uma ponte entre o presente e o futuro. Você está obrigado a definir o futuro não só para si, mas também para sua equipe ou organização. Mas é provável que as urgências do hoje – lidar com as demandas do aqui e agora – façam você perder as oportunidades do amanhã.
Seu sucesso como um líder vai depender, em parte, da forma como você se aproxima do seu eu do futuro. Aqui estão quatro maneiras de começar:
1. Comporte-se como um principiante
“Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito”, escreveu Shunryu Suzuki, fundador do Centro Zen de São Francisco e autor do clássico Mente Zen, Mente de Principiante. A colunista de negócios e autora Bruna Martinuzzi, fundadora do Clarion Enterprises, é coach e aconselha executivos. Ela desafia seus clientes a considerarem presente e futuro com a mente de principiante. Embora isso seja difícil para a maioria dos líderes, diz Martinuzzi, as recompensas são muitas e grandes. Ao se tornar mais humilde, e se recomprometendo com sua própria aprendizagem e desenvolvimento, o executivo se torna infinitamente mais inteligente e mais bem sucedido.
2. Pense a longo prazo
Você vê o tempo a partir da perspectiva de falta ou de abundância? Em seu livro Never Too Late to Be Great: The Power of Thinking Long, o autor Tom Butler-Bowdon busca quebrar o mito do sucesso do dia para a noite. Ele incentiva as pessoas a tomarem uma visão de longo prazo do futuro – para construir o tipo de grandeza que só pode se desdobrar ao longo de anos e décadas. Graduado pela Escola de Economia de Londres e ex-conselheiro político, Butler-Bowdon mostra como vale a pena resistir a gratificações instantâneas.
A lenda dos cosméticos Estee Lauder, por exemplo, perseverou em produtos por cerca de 15 anos antes de iniciar seu negócio de mesmo nome em 1946. Hoje, com mais de 25 marcas em mais de 150 países, a Estee Lauder Companies possui um faturamento anual de US $ 11 bilhões. Você pode ler a visão do futuro da empresa em sua declaração de Visão & Valores. (Dica: eles concordam com Butler-Bowdon.)
3. Sirva a uma causa
De certa forma, o parque suspenso High Line, em Nova York, deve sua existência a Joshua David e Robert Hammond. Os dois co-fundaram Friends of The High Line em 1999. Seu propósito: defender a preservação e o reuso do High Line, uma linha ferroviária usada pela última vez em 1980, como um espaço público. Naquela época nem David nem Hammond tinha experiência em planejamento urbano ou design. Eles tinham, no entanto, visão e dedicação para salvar uma linha ferroviária histórica do perigo de demolição.
Dez anos depois, em Junho de 2009, as três primeiras partes do parque foram abertas para o público. Pulamos para o presente, e o High Line atrai cerca de 5 milhões de visitantes anualmente. Além disso, o Friends of the High Line, que agora é uma empresa sem fins lucrativos que gerencia o parque, arrecada 98% de seu orçamento anual. Você pode não ter o desejo ou meios para revitalizar completamente uma parte histórica da sua cidade. Ainda assim, você pode iluminar o futuro dos outros, simplesmente oferecendo o seu tempo e talento para uma causa nobre.
4. Construa um legado
Além de escrever, ensinar e prestar consultoria, Peter Drucker, o pai da administração moderna, também falou sobre a espiritualidade e a importância de ter o que ele chamou de “metas existenciais.” Ele recomendava regularmente perguntar a si mesmo “pelo que eu quero ser lembrado?”. Essa única pergunta pode mantê-lo seguindo em direção a mais e diferentes possibilidades. Ela também pode ajudá-lo a descobrir o que você deseja construir na vida e, inversamente, o que você quer conseguir com ela. E, talvez mais importante, essa pergunta pode orientá-lo a como construir um legado.
O uber-empresário Richard Branson, fundador do Grupo Virgin, respondeu a uma pergunta sobre seu desejo de legado desta forma: “Ter criado uma das empresas mais respeitadas do mundo. Não necessariamente a maior”. Qual seria o seu desejo?
Não há um tempo melhor do que o presente para conhecer o seu eu futuro. Assuma a liderança a comece a construir o amanhã no dia de hoje.
